Quatro rodas, dois eixos e uma prancha de madeira. Esta foi a combinação que remexeu os Estados Unidos no final da década de 1970. Tudo começou com uma simples brincadeira entre adolescentes, que brincavam com caixas montadas sobre rodas, mas a diversão não parecia ter limites. Com o passar do tempo, o improviso foi se aperfeiçoando, gerando acrobacias que dominaram o mundo.
No final dos anos 1950, os estadunidenses Bill e Mark Richard decidiram comercializar esta nova onde que estava dominando diversas regiões dos Estados Unidos. Cerca de cinco anos após a fundação da empresa de Bill e Mark, a prancha sobre rodas já estava sendo vendida para todo o país. Os primeiros itens eram feitos com pranchas de surfe, construídas com madeira, plástico e até metal. As rodas eram criadas com barro e até mesmo ferro, e os eixos eram muito mais rudimentares que os atuais.
Ainda não sacou do que estamos falando? É claro que é do skate, ou skateboard, como é conhecido lá fora, este esporte radical que continua a conquistar novos atletas no mundo todo, e que também deixou uma bela marca no mundo dos video games. Hoje, dia 03 de agosto, comemora-se no Brasil o Dia do Skate. Sendo assim, segure firme em seu shape e prepare-se para dropar neste especial que o Baixaki Jogos preparou!
Pranchas e rodinhas
A nova febre dos anos 1980
Não se sabe ao certo como realmente surgiu o esporte. Alguns dizem que foram surfistas, decepcionados com a maré baixa, que resolveram adaptar o surfe para as ruas. Entretanto, não há como dizer com precisão quem foi o criador do esporte. Mas, não se preocupe. Nos games, sabemos que foi o primeiro a agitar o público em um half-pipe (a famosa rampa em forma de “U”).
Nos anos 80, o esporte realmente se popularizou. Uma verdadeira febre. Você não precisava de uma jaqueta de couro, um óculos bacana ou qualquer roupa da moda para ser um cara “cool”. Bastava um skate embaixo do braço. Mesmo que não soubesse nem mesmo subir na prancha, você já estava mostrando que estava por dentro, afinal Bart Simpson e muitos outros personagens fictícios andavam de skate.
Felizmente, nesta mesma época iniciava-se outra febre, os video games. Conciliar os dois meios de diversão era algo inevitável. Em 1986, surgia o game que todos acreditam ser o primeiro jogo de skateboarding: 720º. O nome do título deve-se a uma famosa manobra da época, julgada como a mais incrível de todas, na qual o atleta dava dois giros completos no ar.
Uma curiosidade: Tony Hawk, na época com 16 anos, era fã do jogo, e já conseguia completar a manobra. Hoje, Hawk é famoso pelo seu 900º, uma acrobacia ainda mais radical. Mas o nome de Hawk também ficou cravado no mundo dos games, mas isto é assunto para as próximas décadas.
Abelhas e escoriações
O skate nos video games
A chegada de 720º estremeceu o mercado dos games. Com uma cabine de fliperama completamente estilizada, com direito a alto-falantes semelhantes aos rádios Boom-Box (aparelhos de som portáteis com duas caixas características), o jogo atraia qualquer gamer, independentemente se a pessoa era ou não fã do esporte.
Com uma jogabilidade relativamente simples e um controle diferente do habitual, 720º demonstrou que o skateboarding também poderia ser uma febre no mundo do entretenimento eletrônico. Basicamente, o jogo disponibilizava quatro tipos de desafios para o gamer: rampa, ladeira, slalom e salto. Para participar dos eventos, era necessário adquirir um determinado número de pontos na rua, mas nem tudo era tão simples. Se o jogador demorasse a realizar as manobras, o skatista era atacado por um enxame de abelhas. Faz sentido, não?
O importante é que 720º deu o pontapé inicial nos jogos de esporte radical. O sucesso foi tão marcante, que a Electronic Arts decidiu usar uma das frases do game para criar uma nova franquia, a Skate or Die! Lançado em 1987, o primeiro título contava com uma fórmula parecida, mas com um visual aprimorado. Além disso, o game também debutou no Nintendo 8-Bits, ampliando ainda mais a popularidade do esporte.
A queda
"Skate não é crime"
Mas, infelizmente, o skate é um esporte perigoso, e o tombo veio logo em seguida. Depois de mais alguns títulos dedicados ao esporte, o mundo dos video games foi se distanciando das pranchas sobre rodas. Com a chegada, e popularização, dos jogos no estilo plataforma, os games de skate passaram a adotar uma fórmula que misturava Mario com 720º, e o resultado não foi nada agradável. Saiam os jogos de esporte e entravam os games de plataforma “radicais”.
Como se não bastasse, o mundo real também via a decadência do skateboarding. Os parques estavam fechando, as pessoas desistindo do esporte, e a mídia já não ligava mais para os campeonatos. Foi aí que surgiram os bordões “Skateboarding is not a crime” (Skate não é crime, uma referência ao preconceito em relação aos skatistas) e “Support your local skater”, frase que insinua o incentivo do esporte.
O mundo só voltou a radicalizar em 1995, com a chegada do ESPN Extreme Games, ou somente X Games, como ficou conhecido posteriormente. Um grande evento, dedicado quase que especialmente ao skate, reuniu grandes atletas de maneira magistral, elevando novamente o esporte às alturas (literalmente). O evento ainda era patrocinado por nomes como PlayStation (Sony) e Electronic Arts. Nada como um empurrãozinho.
Retomando o impulso
Três dimensões e infinitas possibilidades
Graças ao sucesso do evento, surge então um dos primeiros grandes games em três dimensões: ESPN Extreme Games. O jogo não era dos melhores, mas fez com que muitas desenvolvedoras enxergassem uma nova oportunidade no ramo dos games. Em 1997, a Sega lançava nos arcades outro título dedicado ao esporte, Top Skater.
A versão da dona do ouriço Sonic não podia deixar de ser veloz e agitada, mas nem por isso deixou a desejar na radicalidade. Detalhe para as músicas, de artistas como Pennywise, que representavam todo o espírito do esporte. A essência estava quase completa.
Finalmente, em 1999 o mundo dos games sofreu uma revolução com a chegada de um game chamado Tony Hawk’s Pro Skater. Depois disso, tudo mudou. Tudo mesmo.
O falcão chega ao ninho
O nome é Hawk. Tony Hawk.
A chegada de Tony Hawk aos games estremeceu tanto o entretenimento eletrônico quanto o próprio esporte. Criado pela Neversoft, o título, com versões para PlayStation e, posteriormente, Dreamcast, Nintendo 64 e Game Boy, trouxe uma jogabilidade simples e direta. A diversão era inevitável, graças ao capricho da desenvolvedora, que trouxe ambientes inteiramente em três dimensões e dezenas de manobras diferentes.
Obviamente, com o sucesso foram lançadas novas edições, uma melhor que a outra. A cada ano, Tony Hawk debutava com uma surpresa nova nos consoles. Em 2002, Tony Hawk’s Pro Skater chegava ao PlayStation 2 com uma fórmula inovadora. Em vez de correr contra o tempo para cumprir seus objetivos, como ocorria nas versões anteriores, os jogadores contavam com um mundo aberto para explorar e selecionar qual desafio desejava participar. Este, teoricamente, seria o último game da série. Teoricamente...
Hawk resolveu apostar ainda mais na inovação, trazendo títulos cada vez mais, digamos, ousados. Bem, não há como negar que Tony Hawk’s Pro Skater 1, 2, 3 e 4 tentavam manter o pé no chão, mantendo um certo padrão de realismo. Mas, com a chegada das novas edições, Hawk simplesmente decolou na fantasia.
A viagem
O realismo já não era mais algo essencial para a franquia, e os jogos da série focavam-se no modo história, e não nas competições. Repleto de cut-scenes e com uma possibilidade de vasta personalização, Underground também foi bem recebido pelos jogadores, mesmo estando relativamente distante do esporte. Além disso, THUG, como é conhecido, foi o primeiro game da série que permitia ao jogador caminhar fora do skate.
Com a chegada de Tony Hawk’s American Wasteland, o sucessor de THUG, a franquia sofreu uma grande mudança. Os objetivos deste game envolviam desafios completamente insanos, inspirados pelas esquisitices do seriado Jackass. Mesmo se distanciando da base que consolidou seu nome, American Wasteland alcançou um sucesso razoável, mas para um público mais casual.
Na atual geração, a franquia conta com alguns jogos, mas nada realmente impactante. Talvez os mais notáveis sejam Tony Hawk’s Project 8, de 2006, e Tony Hawk’s Proving Ground, lançado em 2007. Mas, após anos de reinado, Hawk finalmente se sente ameaçado, graças a um título ousado: Skate, da Electronic Arts.
A recriação ideal
Skate reinventa as rodinhas
Simular o esporte nos video games já não era mais possível devido a toda transformação da série Tony Hawk, mas Skate mudou este pensamento. A própria jogabilidade do game já indicava uma nova revolução, um novo conceito. Para realizar as manobras, o gamer tem de utilizar os analógicos do joystick, criando um movimento similar ao executado pelos atletas da vida real.
O título ultrapassou as vendas do último game da série Tony Hawk, e recebeu um sucessor de peso com as correções solicitadas pelos jogadores. Ao que parece, o que o público realmente deseja é uma representação fiel do esporte, sem qualquer enfeite desnecessário. Skate 2 tornou as coisas ainda mais divertidas e interessantes, graças à possibilidade de caminhar fora da prancha e de movimentar os obstáculos para criar suas próprias pistas.
O que devemos esperar?
A ladeira nunca acabará
Mas, Tony não deixou barato. O anúncio de Tony Hawk Ride simplesmente estremeceu a indústria dos jogos. Desta vez, se Skate inovou com os dois analógicos, Tony Hawk deve revolucionar ainda mais com um periférico que simula um skate. Será que Hawk retomará o trono? Resta esperar e conferir desafios cada vez mais radicais.
Sem dúvidas, os jogos de skate são importantes para os videogames (e vice-versa). Mesmo após sofrer uma queda brusca, os títulos agitaram os games e contribuíram muito para a indústria. Milhões de cópias vendidas, usuários se divertindo em qualquer canto do mundo, graças a esta incrível invenção que sacode o mundo até hoje.
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